domingo, 11 de dezembro de 2011

A saudade dos tempos "Pokémon"

Dezembro de 2011. Sou 20 anos mais velho do que era quando cheguei a este lugar, porém, às vezes, sinto como se eu fosse muito mais jovem do que me impõe a idade cronológica.
Em outros momentos, sinto-me como um ancião, como alguém que carrega o peso que apenas pode ser adquirido em um século, quiçá, em mais tempo.
Recordo-me do passado, dos tempos em que eram outras as demandas, verdades e limitações, lembro-me da fantasia, da ingenuidade, das facilidades, da beleza, lembro-me dos tempos em que assistia Pokémon.
Da minha tenra infância, da vida mais fácil e mais compreensível. Ela parecia perfeita, até porquê, nela cabiam todas as minhas elucubrações, todos os meus quereres, o mundo era um lugar melhor por que ela não era apenas o mundo, de fato, ele era o mundo que eu formulava, e, lá, tudo era possível, até mesmo o impossível, e nunca seria prudente discordar disso.
Neste tempo, a escola era agradável, os amigos eram verdadeiros, as pretensões eram mínimas, e eu era eu, nada mais, e isso já era o suficiente. O mundo era completo, pois havia família, fantásticos desenhos animados os quais eu acompanhava com fervor, e de certa forma, acabava sendo parte integrante dos mesmos. O mundo era pequeno, e por isso, inteligível, controlável, e tudo era mais belo, quase tudo era fantasia, mas ainda assim, tudo era perfeitamente real.
Era o tempo do início da exibição do desenho “Pokémon” na televisão aberta brasileira, e ele foi emblemático, um dos marcos mais relevantes da minha vida. Raros eram os meus contemporâneos que não queriam ser “mestres”, que não queriam sair por ai, capturando os seus monstros de bolso, que não queriam estar num mundo maravilhoso.
Este tempo progrediu, tornou-se o tempo de outros desenhos, outros feitos, tornou-se o tempo de outros mundos.
E hoje, olho com tristeza para o passado. Olho do alto de uma existência cansada, de quereres imediatos, da incerteza do amanhã, de distâncias ampliadas, de identidades dilaceradas, de sonhos devastados, de vidas destruídas, de tristeza, de inconstância, de uma loucura iminente, talvez inevitável, como é tudo aquilo que nos é mais nocivo.
Hoje, gostaria de poder fazer do passado um local tangível, irrestrito, o qual pudesse visitar quando quisesse e lá permanecesse o quanto desejasse.
Hoje sinto saudade dos “tempos Pokémon”, porque estes eram muito melhores que os de hoje. E enquanto a vida de outrora era completa, a de hoje parece um arremedo, parece ter desmoronado ao longo do tempo, sem que eu pudesse fazer algo, sem que eu pudesse voltar ao início.
Talvez este seja somente o inconformismo de homem mal resolvido, de um cidadão frustrado que decidiu cuspir fel sobre algumas verdades, sobre a bela vida, sobre o maravilhoso mudo que possuímos Mas, me parece apenas, que aqui estou expondo alguns fatos, impressões particulares. Estou exibindo a saudade de um tempo que se foi contra a minha vontade, estou retratando a situação de alguém que perdeu-se junto com o tempo que se passou e parece apenas encontrar alento em meio ao seu saudosismo e a sua melancolia. Estou relembrando a beleza de um mundo distante, um fabuloso mundo... Que se foi.

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