sábado, 29 de outubro de 2011

Ouvi dizer - Ornatos Violeta

Esqueçam o "sotaque" do vocalista e apreciem uma das melhores letras escritas em português em todos os tempos.


Acho que estou me acostumando a pagar esta conta com raiva...

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Reflexão cotidiana - 1

Após recorrentes experiências recentes em algumas viagens de ônibus na cidade de Salvador, pude criar e(ou) solidificar algumas impressões e após muito refletir, decidi expô-las na blog.

Primeira impressão – Aguardar um ônibus nesta cidade pode ser uma experiência ímpar. Os veículos demoram a chegar, os locais onde os esperamos estão costumazmente cheios e nas estações de transbordo, podemos presenciar um fenômeno digno de observação: Nestes locais, os humanos tornam-se muito mais animais que racionais. Desrespeitam a fila e seus integrantes, promovem algazarras, implementando a total balbúrdia.

Segunda impressão – Quando a perseverança vence à lógica, e consigo ingressar num veículo de transporte coletivo, enfrento outros adversários.
A espera para conseguir uma condução leva ao acúmulo de passageiros, que superlotam a unidade de transporte e nos levam a disputar o mais ínfimo dos espaços, a fim de que possamos nos manter em pé e(ou) respirar(simultâneamente).
Como se não bastassem as péssimas condições de viagem, também somos obrigados a enfrentar indivíduos que não contam com um mínimo de educação e poluem o espaço sonoro com músicas de péssima qualidade.
Não obstante, os engarrafamentos prolongam a viagem, fazendo com que deslocar-se de um ponto a outro da cidade, torne-se num insuportável teste a 4 dos nossos sentidos. À audição (pois, além da regular utilização de aparelhos sonoros no interior do ônibus, ainda somos obrigados a suportar as ruidozas buzinas, que manifestam-se frequentemente nos mais que comuns, engarrafamentos), à visão(Já que a vista da cidade tem sido cada vez mais desagradável e aterrorizante), ao olfato(Pela presença invariável de odores terríveis tanto no interior do veículo, quanto no seu exterior), ao tato(Pois, num veículo apinhado de pessoas, é mais que comum a existência de contatos físicos extremamente indiscretos e desagradáveis) e claro, o teste adicional: O imposto à nossa paciência.

Terceira impressão – Ao finalmente conseguir desembarcar desta tosca simulação da “barca de Caronte”, me deparo com locais sujos, mal cuidados e inseguros. Comparo estes com a cidade soteropolitana exposta nas propagandas feitas para recrutar turistas. Então, creio estar vivendo em uma dimensão paralela, onde Salvador está às avessas. Mas, não, esta é a Salvador real e estas são as suas facetas. Reflexos dos políticos dela encarregados, e de nós, a população que opta por mantê-los no poder, visto que nem toda a alienação que toma conta da maioria é capaz de nos levar a erros tão colossais.
No fim das contas, esta “cidade-purgatório” é de nossa posse e autoria. E se em “Admirável gado novo”, “O povo foge da ignorância, apesar de viver tão perto dela”, na nada admirável cidade de Salvador, o povo apenas TENTA fugir da incompetência e da desonestidade, mas, acaba sendo o berço de ambas.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Moralismos à parte

Numa conversa informal com um amigo, fui inquirido a respeito da minha visão sobre alguns subtópicos de um tema: O moralismo e suas aplicações.
Resultaram deste diálogo algumas novas impressões e outros conceitos pessoais tornaram-se ainda mais sólidos.
Achei, então, bastante interessante abordar o tema também neste espaço e é isto o que faço a partir de agora.
Uma das primeiras situações que me chamaram a atenção, foi a proposital assemelhação entre imoralidade e ineficácia.
Proposital sim, pois, a argumentação de que a corrupção é inefetiva é uma bravata sem tamanho. No Brasil surgem diariamente novos e ilustres exemplos que evidenciam que a maldade não é tão estéril quanto gostariamos.
Mas, será que de fato, gostariamos que assim fosse? Até mesmo o argumento citado anteriormente é quase sempre um meio de ocultar as reais ações e intenções de quem o usa e não obstante, desviar seus semelhantes do caminho mais fácil para atiingir-se um meio.
Com isto, não quero defender uma absoluta depravação moral. Prezo pelos “bons costumes” e creio que o “caminho mais curto” é sempre passível de punições, assim, como o “caminho tortuoso” nem sempre finda.
Este não é o início de uma cruzada pela total degeneração moral. É só uma tentativa de ir de encontro à leviandade.
Creio que sem um mínimo conjunto de normas a nos reger, sequer existiriamos hoje.
Mas, residir num país como o Brasil e atestar a ineficácia de costumes inapropriados é coisa que não faço.
Vivo em uma nação em que políticos constroem seus “feudos” e tornam o voto de cabresto uma prática comum e inteiramente atual.
Cidadãos honestos são reféns em suas moradias, enquanto meliantes circulam livremente em todas as esferas da sociedade, quase sempre, vistos como modelos de sucesso.
E de fato o são. Numa existência finita, incerta e repleta de demandas desumanas e imediatas, queima-se etapas para a obtenção de intuitos e pouco importam os meios se os fins são atingidos.
Nesta desvairada escalada animalesca, atinge primeiro o topo da montanha, aquele que possui as maiores garras. Como bônus pelo seu triunfo, o vencedor recebe a possibilidade de ocultar toda a sujeira que deixou pelo caminho.
Gostaria muito que todos assumissem seus reais atos. Que fossem condenáveis não apenas as ações, mas também, as mentiras usadas para maqueá-las. Ai, então, saciaria a minha curiosidade em saber quantos ainda utilizariam-se de expedientes dúbios em suas empreitadas.
Creio que poucos, pois para mim, torna-se claro que não mais nos importa o que fazemos e sim o que nossos semelhantes sabem sobre nossas ações.
Será que algo de nossa sociedade sobraria, caso contássemos mais verdades?
Para finalizar, exponho mais uma impressão pessoal: O moralismo é quase sempre refúgio do recalque. É onde abrigam-se alguns que invejam indivíduos de relativo sucesso, mas que agiriam de maneira igual aos alvos de suas críticas, caso tivessem a oportunidade.
Como humano, erro e muito. Mas, as causas que defendo pouco dependem de interesses pessoais. Não sou um exemplo de retidão, mas, não mascaro os meus erros com uma camada de falsa correção.
Não há ser plenamente moral. Eu pelo menos, não conheço um, sequer. Mas, tenho o devaneio de ver um mundo menos leviano, que segregaria a falibilidade humana do mau caratismo de canalhas que jamais tiveram a coragem de exibir a real face de suas falhas.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

O outro lado da moeda

Com base em algumas observações e no conhecimento proveniente das mesmas, decidi me permitir tornar públicas algumas das conjecturas construídas durante este tempo.
Começo relatando a minha visão sobre uma freqüente alegação feminina, a de que estão sendo “usadas” por alguns indivíduos. Isso as põe numa cômoda condição na qual se assemelham a seres plenamente puros e corretos. Diria que até mesmo “imaculados”.
Enquanto isso, os homens ante a visão das mesmas, são seres altamente repulsivos, sempre norteados por premissas equivocadas. Nossos intuitos são sempre torpes. Os delas, por outro lado...
Mas, vamos enxergar o lado oposto.  Uma situação que ocorre com considerável freqüência. A mulher que mantém o homem em seu convívio meramente para a utilização de seus atributos.  Não lhe dá qualquer margem para um aprofundamento emotivo. Mas, ainda assim , o mantém no seu convívio, utilizando-se da sua presença para alcançar fins que lhe sejam convenientes. Mas, só para si.
Um plano maquiavélico mascarado por uma bela embalagem: “Uma pura amizade”.
Qualquer tentativa de maior aproximação é imediatamente repelida com a afirmativa: “Só te vejo como um amigo”. Sim, claro. É óbvio que os INIMIGOS são os melhores partidos...
Elas não somente nos utilizam como OBJETOS que permitem a obtenção de intuitos mesquinhos. Elas também nos levam a suprimir os nossos reais desejos, pois a manifestação dos mesmos é rebatida com reprimendas morais. Desejá-las nos torna  “monstros” insensíveis que não valorizam devidamente a “real amizade” (Que apenas a elas é favorável).
Em suma, elas constroem uma relação mesquinha, na qual todo o lucro é delas e nenhuma satisfação há aos homens. E ainda um fato a ser adicionado ao meu comentário: Qualquer tentativa de escapar desta cilada é vista como falta de maturidade. Enfim, a perfeita armadilha.
Então, deixo em aberto a pergunta: Quem de fato tem manipulado quem com maior freqüência ao longo das eras?
Devo acrescentar um adendo à minha narrativa. Uma visão pessoal sobre outro argumento feminino. “Falta homem!” elas dizem. De fato, em termos numéricos há uma prevalência das mulheres sobre os homens.
Entretanto, as próprias mulheres tornam ainda mais reduzido o número de ” homens”, já que as mesmas (Em sua maioria) modificaram o conceito de “homem”.
Este conceito poderia ser definido basicamente como: “Homo sapiens” do sexo masculino. Mas, elas querem mais. Para que estes indivíduos sejam considerados HOMENS, eles tem a obrigação de possuir razoável poder aquisitivo, ou aparência agradável, ou ainda ser de algum modo impressionantes (Quase sempre por motivos estúpidos).
Logo então, ante aos olhos femininos e aos seus rígidos e mesquinhos padrões seletivos, muitos homens deixam de sê-lo e tornam-se outras COISAS. Tornam-se REPULSIVOS e manipuláveis, tornam-se FORMAS INFERIORES DE VIDA. Tornam-se seus “AMIGOS”.

Throwing Muses - Two Step

Outra música fantástica que quero compartilhar. Chama-se: Two Step



Just two steps...

terça-feira, 11 de outubro de 2011

A tal malandragem

Acho importante frisar que este texto estará repleto de convicções pessoais. Logo então, não estou “afrontando” ninguém com dogmas, ou tentando ferir verdades e (ou) impressões dos leitores. Dito isto, explanarei.

  Parece-me de extrema dificuldade, a condição humana. Senão vejamos. Somos os seres com o maior poder de raciocínio em todo o planeta (Pelo menos é o que se supõe) Terra. Entretanto, somos também penalizados com o escasso conhecimento possuído sobre o mesmo.
  Nossa racionalidade nos permite definir parâmetros e estabelecer regras. Porém, em muitos momentos, segregação e injustiça vêm no encalço de nossas normas.
  A consciência de nosso estado nos permite conhecer com exatidão a dimensão de nossa fragilidade e a nossa impotência no que tange a obtenção de respostas nessa área.
  Enfim, parece-me que tudo o que é inerente a “ser humano” apresenta-se como uma faca de “dois gumes”, extremamente afiada em ambos os lados, sempre cortando em nossa própria carne.
  Como é confusa a existência desta gente que “dirige seu carro, toma seu pileque e ainda tem tempo para cantar” (Ref. Mus. Malandragem). Esta gente que comporta-se de acordo com padrões, segue normas(sejam elas gerais ou individuais) e tenta encontrar tempo para viver(nas horas vagas).
  Esta gente que precisa parecer bela, precisa parecer importante, precisa possuir algo para ostentar e necessita impreterívelmente manter-se viva.
  Esta gente que prefere esquecer a nossa fraqueza e que além de lidar com as próprias responsabilidades, luta contra oponentes visíveis e invisíveis. Tangíveis ou não.
  Que encontra em cada alimento um potencial perigo, seja ele instantâneo ou futuro, como é o ladrão que espreita, nos açoitando quando estamos exaustos.
  Nem mesmo o ar que respiramos nos priva de riscos, visto que o mesmo nos oxida lentamente. E ultimamente ele nos tem trazido toda a sorte de impurezas, frutos de nossa desenfreada ganância (contraste da existência da qual não se leva nada quando abandonada).
  Em meio a tantos afazeres, riscos e incertezas, resta-nos pedir a quem quer que seja, “um pouco de malandragem” (Ref. Mus. Malandragem) para que nós possamos conhecer as verdades, ou desprezá-las por completo.
  Para que possamos “domar” o tempo, que deveria “estar do seu lado, sem nos derrubar”, (Ref. Mus. Amsterdam) sem nos destruir...
  Para que não nos deixemos levar pelos “temores que nascem do cansaço e da solidão”(Ref. Mus. Há Tempos) e que me tornam tão receoso.
  Esta “malandragem” que pode ser: equilíbrio, sensatez, prudência, sabedoria ou tudo isto junto...
  E que nos permitirá escolher entre “enlouquecer, ou ir com calma” (Ref. Mus. Shame on the Moon), ainda que ambas as opções nos levem ao mesmo desfecho.
  Eu rogo a esta “malandragem” que não nos deixe aqui prostrados, “esperando o ônibus da escola sozinhos”, ou “rezando baixo pelos cantos por sermos meninos maus”, e nem mesmo a crer que “a vida é não sonhar” (Ref. Mus. Malandragem).
  Por fim, imploro a esta “malandragem”, que na ausência da imortalidade, não nos permita abandonar esta existência como poetas que jamais puderam aprender o que é o amor. 

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Carta do ausente

Este é um poema de Vinicius de Moraes e chama-se: Carta do ausente. É o mais belo poema que conheço e achei por bem compartilhá-lo com todos.


"Meus amigos, se durante meu recesso virem por acaso passar a minha amada peçam silêncio geral.
          Depois apontem para o infinito.
          Ela deve ir como uma sonâmbula, envolta numa aura de tristeza, pois seus olhos só verão a minha ausência.
          Ela deve estar cega de tudo o que seja o meu amor (esse indizível amor que vive trancado em mim num cárcere mirando empós seu rastro).
          Se for a tarde, comprem e desfolhem rosas à sua melancólica passagem, e se puderem entoem cantus-primus.
          Que cesse totalmente o tráfego e silencie as buzinas de modo que se ouça longamente o ruído de seus passos.
          Ah, meus amigos, ponham as mãos em prece e roguem, não importa a que ser ou divindade por que bem haja a minha grande amada durante o meu recesso, pois sua vida é minha vida, sua morte a minha morte.
          Sendo possível soltem pombas brancas em quantidade suficiente para que se faça em torno a suave penumbra que lhe apraz.
          Se houver por perto um hi-fi, coloquem o "Noturno em sí bemol" de Chopin.
          E se porventura ela se puser a chorar, oh recolham-lhe as lágrimas em pequenos frascos de opalina a me serem mandados regularmente pela mala diplomática.
          Meus amigos, meus irmãos (e todos os que amam a minha poesia), se por acaso virem passar a minha amada salmodiem versos meus.
          Ela estará sobre uma nuvem envolta numa aura de tristeza o coração em luz transverberado.
          Ela é aquela que eu não pensava mais possível, nascida do meu desespero de não encontrá-la.
          Ela é aquela por quem caminham as minhas pernas e para quem foram feitos os meus braços, ela é aquela que eu amo no meu tempo e que amarei na minha eternidade - a amada una e impretérita.
          Por isso procedam com discrição mas eficiência: que ela não sinta o seu caminho, e que este, ademais ofereça a maior segurança.
          Seria sem dúvida de grande acerto não se locomovesse ela de todo, de maneira a evitar os perigos inerentes às leis da gravidade e do momentum dos corpos, e principalmente aquele devidos à falibilidade dos reflexos humanos.
          Sim, seria extremamente preferível se mantivesse ela reclusa em andar térreo e intramuros num ambiente azul de paz e música.
          Oh, que ela evite sobretudo dirigir à noite e estar sujeita aos imprevistos da loucura dos tempos.
          Que ela se proteja, a minha amada contra os males terríveis desta ausência com música e equanil.
          Que ela pense, agora e sempre em mim, que longe dela ando vagando pelos jardins noturnos da paixão e da melancolia.
          Que ela se defenda, a minha amiga,  contra tudo que anda, voa, corre e nada; e que se lembre que devemos nos encontrar, e para tanto é preciso que estejamos íntegros, e acontece que os perigos são máximos, e o amor de repente de tão grande tornou tudo frágil, extremamente, extremamente frágil."
                                                                                                               Vinicíus de Moraes
 

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Pop in Rio

Um dos acontecimentos mais relevantes dos últimos dias foi a realização do festival musical “Rock in Rio” aqui no Brasil. Como o filho pródigo ele retornou às suas origens, maduro e mudado.  Após 10 anos perambulando pela Europa ele parece ter adquirido alguns novos costumes e potencializado outros. Apesar de seu nome, ele nunca foi exclusivamente um festival de rock. Outros estilos já foram abrangidos pela sua benevolência e pela visão de mercado de Roberto Medina que parece acreditar que “quanto mais, melhor”. Entretanto, esta mescla de estilos nunca foi tão evidente quanto é agora. Isto levou a muitas queixas e despertou a minha curiosidade quanto ao assunto. Exponho minhas reflexões a partir de agora.
A atual edição contou com nomes como: Ivete Sangalo, Claudia Leitte, Glória, Kate Perry, Rihanna, Kesha e Shakira. Todos estes no palco principal, muitos destes nomes têm um nível qualitativo altamente discutível e pouco tem a ver com o Rock. Isso foi considerado uma ofensa por muitos dos mais ferrenhos defensores do estilo. Porém, vem à tona a pergunta: O que é o rock? O rock vem se reinventando constantemente com o passar do tempo e adquiriu diferentes roupagens e rótulos intimamente ligados às épocas e contextos em que era executado. Elvis Presley já foi o maior dos ícones rock. Os Beatles também já o foram. Tivemos o movimento Punk neste meio tempo, muitas bandas de Heavy Metal, Grunge, retornamos ao rock britânico... Enfim, o rock já esteve em evidência por meio de muitas ramificações e de muitas figuras emblemáticas ao longo de sua história, muitas delas completamente distantes umas das outras em suas atitudes e características, entretanto todos estes são “rockeiros” e todos estes estilos “discrepantes” são o rock. Então, acho que é o momento de dissolvermos a ilusão de que o rock é o estilo musical “puro sangue”, membro de uma casta superior  e que não pode ser profanado sob quaisquer circunstâncias. O rock atual é muito mais pop, porque o mercado assim pede, era muito mais fácil protestar e ser rebelde há trinta anos, ou pelo menos era muito mais coerente, pois manter-se vivo sob aquelas circunstâncias era extremamente difícil. O rockeiro era uma espécie de porta voz popular, ser transgressor era justo, era contra-atacar o “sistema”. Mas agora o “sistema” afaga nossos egos e apesar de todas as dificuldades do mundo atual, manter-se vivo tornou-se relativamente mais fácil e o mundo tornou-se muito mais cômodo. Então, os protestos, as idéias se perderam em meio a comodidades e demandas mercadológicas. As bandas atuais têm que ser corretas, adequarem-se ao mercado e serem perfeitamente manobráveis. Como compensação elas não precisam ter talento. A reclamação de que não houve uma presença marcante do “rock clássico” é sim procedente, porém, os “rockeiros clássicos” estão no passado, eles estão mortos ou cansados, a maior prova disso foi a participação de Axl Rose no próprio Rock in Rio, o tempo cobra seu preço de todos. Com os astros não é diferente, eles não são deuses. O “neo-rock” então ganhou espaço e as grandes figuras do “neo-rock” não são mais engajadas em causa alguma, ou quando são, são altamente pacatas e intelectualizadas, descobriram que também se ganha lutas pela diplomacia. O grande objetivo destes poucos indivíduos é salvar o mundo, quase nada de brigas políticas ou algo que o valha, o que se quer é salvar o mundo, na falta da possibilidade de salvarmos nossas vidas (individualmente). Apesar de tudo, ainda há rock bem feito nos dias de hoje, mas pouco pode se esperar de engajamento e de extravagância e também muito pouco de qualidade. Raras são as boas bandas do estilo, criadas nos últimos 10 anos, porém, elas existem e reconhecer a qualidade das mesmas é mais válido que parar no tempo e resmungar porque nossos “heróis” não quebram guitarras no palco.
Além da escassez de grandes nomes do rock no festival, uma manobra de mercado foi determinante para a evidente ”desvalorização” do rock neste festival. Suas edições mais antigas tiveram uma maior média de público. Com isso não quero dizer que não tivéssemos um enorme número de pessoas interessadas em estarem presentes nas apresentações. Porém, no mundo altamente normatizado em que vivemos, talvez não tenhamos jamais condições de presenciar um festival onde existam 200 mil espectadores ou mais. Mas, apesar da “queda” no número de presentes na platéia é necessário manter uma margem de lucro considerável, então, majora-se o valor dos ingressos. Para evitar um fracasso estrondoso nas vendas e na captação de receita faz-se necessário apelar para artistas populares e então, tem-se um sucesso enorme no quesito comercial e controvérsias incomensuráveis fomentadas pelos interessados nas atrações. Duas situações me parecem claras. Primeiramente: O rock por si só não enche festival nos dias de hoje, algumas bandas enchem seus shows por terem públicos fiéis, mas quando se trata de festivais, a questão é mais grave e com esta pobre safra do rock, fica difícil termos um festival “genuíno”.
Segundo: Os nossos grandes ídolos se foram ou envelheceram, as bandas novas tem novas posturas e não há ser humano perfeito. Cobrar condutas que se adéqüem por completo a nossos anseios é insensato e é garantia de frustração. Acordem! Os “semi-deuses” são tão mortais como nós e não adianta refutar este fato.
Obrigado e até a próxima.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Mais um dia

Este é mais um dos meus pequenos poemas escritos há bastante tempo. Ele se chama "Mais um dia".

Mais um dia,
Mais um dia afinal
Bem como se pode,
como se deve, por mais um dia
Meus temores estão escondidos pelo tempo,
pelo tempo que não tenho.

Por mais um dia, por mais um nascer do sol
Ainda assim não vejo luz em nossos dias
Nossos gestos estão tão mecanizados,
Nossos atos cumprem a rotina,
Mas não há uma ação feita com alma,
Creio que nem mesmo os corpos as portam.

Mais um dia,
Que pesa como um fardo,
E mesmo assim é vivido em meio a sorrisos
e quem sabe talvez, quem veja o que há por
Trás dos sorrisos não possa chorar também...

Quanto valem nossas vidas?
Por quê temos nos vendido por tão pouco?
Qual será o valor de nossas almas?
Será que por elas trocaremos nossa felicidade?
Nossas almas tem mesmo a medida exata de um sorriso verdadeiro?

Até quando vamos abdicar desejos
para sofrer menos, para anestesiar
amenizar apenas já que a dor já está conosco.

Minhas frases no silêncio se encerram,
minhas perguntas, minhas certezas, nossa esperança
Mais um dia, mais uma vida passa
Mais um deveneio que a chuva irá levar
Mais um desejo que irá desapárecer


E será sublime, será efêmero, será
O que teremos, se um dia acontecer
E o vento irá levar...
O que o silêncio quis dizer
O vento levará.

sábado, 1 de outubro de 2011

Those thieving birds

Em função da atual escassez de tempo, a minha disponibilidade para a publicação de textos tem sido inexistente. Mas, como decidi exibir nesse blog um pouco de tudo o que me é caro, decidi postar um vídeo de uma das minhas músicas favoritas. Espero que gostem.

Ah! Estes pássaros ladrões...


"...Se a verdade tivesse incursões
Sem adeus
Sem grandes mentiras
Se a verdade tivesse versões..." Isso realmente me leva a pensar...