terça-feira, 18 de outubro de 2011

Moralismos à parte

Numa conversa informal com um amigo, fui inquirido a respeito da minha visão sobre alguns subtópicos de um tema: O moralismo e suas aplicações.
Resultaram deste diálogo algumas novas impressões e outros conceitos pessoais tornaram-se ainda mais sólidos.
Achei, então, bastante interessante abordar o tema também neste espaço e é isto o que faço a partir de agora.
Uma das primeiras situações que me chamaram a atenção, foi a proposital assemelhação entre imoralidade e ineficácia.
Proposital sim, pois, a argumentação de que a corrupção é inefetiva é uma bravata sem tamanho. No Brasil surgem diariamente novos e ilustres exemplos que evidenciam que a maldade não é tão estéril quanto gostariamos.
Mas, será que de fato, gostariamos que assim fosse? Até mesmo o argumento citado anteriormente é quase sempre um meio de ocultar as reais ações e intenções de quem o usa e não obstante, desviar seus semelhantes do caminho mais fácil para atiingir-se um meio.
Com isto, não quero defender uma absoluta depravação moral. Prezo pelos “bons costumes” e creio que o “caminho mais curto” é sempre passível de punições, assim, como o “caminho tortuoso” nem sempre finda.
Este não é o início de uma cruzada pela total degeneração moral. É só uma tentativa de ir de encontro à leviandade.
Creio que sem um mínimo conjunto de normas a nos reger, sequer existiriamos hoje.
Mas, residir num país como o Brasil e atestar a ineficácia de costumes inapropriados é coisa que não faço.
Vivo em uma nação em que políticos constroem seus “feudos” e tornam o voto de cabresto uma prática comum e inteiramente atual.
Cidadãos honestos são reféns em suas moradias, enquanto meliantes circulam livremente em todas as esferas da sociedade, quase sempre, vistos como modelos de sucesso.
E de fato o são. Numa existência finita, incerta e repleta de demandas desumanas e imediatas, queima-se etapas para a obtenção de intuitos e pouco importam os meios se os fins são atingidos.
Nesta desvairada escalada animalesca, atinge primeiro o topo da montanha, aquele que possui as maiores garras. Como bônus pelo seu triunfo, o vencedor recebe a possibilidade de ocultar toda a sujeira que deixou pelo caminho.
Gostaria muito que todos assumissem seus reais atos. Que fossem condenáveis não apenas as ações, mas também, as mentiras usadas para maqueá-las. Ai, então, saciaria a minha curiosidade em saber quantos ainda utilizariam-se de expedientes dúbios em suas empreitadas.
Creio que poucos, pois para mim, torna-se claro que não mais nos importa o que fazemos e sim o que nossos semelhantes sabem sobre nossas ações.
Será que algo de nossa sociedade sobraria, caso contássemos mais verdades?
Para finalizar, exponho mais uma impressão pessoal: O moralismo é quase sempre refúgio do recalque. É onde abrigam-se alguns que invejam indivíduos de relativo sucesso, mas que agiriam de maneira igual aos alvos de suas críticas, caso tivessem a oportunidade.
Como humano, erro e muito. Mas, as causas que defendo pouco dependem de interesses pessoais. Não sou um exemplo de retidão, mas, não mascaro os meus erros com uma camada de falsa correção.
Não há ser plenamente moral. Eu pelo menos, não conheço um, sequer. Mas, tenho o devaneio de ver um mundo menos leviano, que segregaria a falibilidade humana do mau caratismo de canalhas que jamais tiveram a coragem de exibir a real face de suas falhas.

4 comentários:

  1. Meu velho, passei a gostar do seu blog, li uma única vez, a maioria de seus textos, e de fato, percebi que há uma linhagem de escrita um pouco parecida com o meu...
    Gostaria também, aproveitando, deixar o link do meu blog, para que você possa ler também! Abraço !

    Link: www.ociosidademoderna.blogspot.com

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  2. Estimado Elton, seu texto me fez refletir sobre a postura das pessoas em relação às normas e as regras, as quais "supostamente" têm que seguir: o que é certo e o que é errado. Em vários momentos da minha vida sofri bastante preconceito por ter uma conduta, a qual as pessoas me definiam como sonsa ou certinha. Já em outros, as pessoas diziam:Mas Lívia você fez isso. É como que se tivéssemos que agradar a todos ao mesmo tempo. O nosso ID (impulsos que nos levam ao prazer) e o Superego (o que nos controla, a moral) ficam em constantes conflitos. Enquanto isso, sobra o quê para o Ego, o eu, se o que é diferente tem que ser alijado? Em fim, não podemos agradar a todos. Acredito que a questão tanto do moralismo,falso moralismo, ou até mesmo da imoralidade podem estar relacionadas realmente ao recalque. Como diria Freud "Um dia o recalcado voltará". Poderá voltar em forma de doenças, de medo, de violência, de depressão...
    Nessa perspectiva, é importante ressaltar que falhas todos temos, mas não é por isso que devemos fechar os olhos às máscaras utilizadas pelos políticos e nem muito menos para a politicagem.

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  3. Obrigado pela visita, Mateus. Espero que elas tornem-se costumazes. Acessarei o seu blog assim que possível. Abraços.

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  4. Sim, Lívia. Muito pertinente a sua avaliação do meu comentário. Apenas gostaria de salientar que o julgamento humano não raro estará vinculado às necessidades do julgador(Como disse no texto), assim sendo, algumas avaliações serão propositalmente tendenciosas a fim de que haja uma compensação futura. E também, que considero que esta dissertação não se aplica apenas à classe política e sim à sociedade como um todo.

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