terça-feira, 25 de outubro de 2011

Reflexão cotidiana - 1

Após recorrentes experiências recentes em algumas viagens de ônibus na cidade de Salvador, pude criar e(ou) solidificar algumas impressões e após muito refletir, decidi expô-las na blog.

Primeira impressão – Aguardar um ônibus nesta cidade pode ser uma experiência ímpar. Os veículos demoram a chegar, os locais onde os esperamos estão costumazmente cheios e nas estações de transbordo, podemos presenciar um fenômeno digno de observação: Nestes locais, os humanos tornam-se muito mais animais que racionais. Desrespeitam a fila e seus integrantes, promovem algazarras, implementando a total balbúrdia.

Segunda impressão – Quando a perseverança vence à lógica, e consigo ingressar num veículo de transporte coletivo, enfrento outros adversários.
A espera para conseguir uma condução leva ao acúmulo de passageiros, que superlotam a unidade de transporte e nos levam a disputar o mais ínfimo dos espaços, a fim de que possamos nos manter em pé e(ou) respirar(simultâneamente).
Como se não bastassem as péssimas condições de viagem, também somos obrigados a enfrentar indivíduos que não contam com um mínimo de educação e poluem o espaço sonoro com músicas de péssima qualidade.
Não obstante, os engarrafamentos prolongam a viagem, fazendo com que deslocar-se de um ponto a outro da cidade, torne-se num insuportável teste a 4 dos nossos sentidos. À audição (pois, além da regular utilização de aparelhos sonoros no interior do ônibus, ainda somos obrigados a suportar as ruidozas buzinas, que manifestam-se frequentemente nos mais que comuns, engarrafamentos), à visão(Já que a vista da cidade tem sido cada vez mais desagradável e aterrorizante), ao olfato(Pela presença invariável de odores terríveis tanto no interior do veículo, quanto no seu exterior), ao tato(Pois, num veículo apinhado de pessoas, é mais que comum a existência de contatos físicos extremamente indiscretos e desagradáveis) e claro, o teste adicional: O imposto à nossa paciência.

Terceira impressão – Ao finalmente conseguir desembarcar desta tosca simulação da “barca de Caronte”, me deparo com locais sujos, mal cuidados e inseguros. Comparo estes com a cidade soteropolitana exposta nas propagandas feitas para recrutar turistas. Então, creio estar vivendo em uma dimensão paralela, onde Salvador está às avessas. Mas, não, esta é a Salvador real e estas são as suas facetas. Reflexos dos políticos dela encarregados, e de nós, a população que opta por mantê-los no poder, visto que nem toda a alienação que toma conta da maioria é capaz de nos levar a erros tão colossais.
No fim das contas, esta “cidade-purgatório” é de nossa posse e autoria. E se em “Admirável gado novo”, “O povo foge da ignorância, apesar de viver tão perto dela”, na nada admirável cidade de Salvador, o povo apenas TENTA fugir da incompetência e da desonestidade, mas, acaba sendo o berço de ambas.

6 comentários:

  1. Acredito que essa é a realidade de muitas pessoas, ou da maioria delas. Ficamos realmente estressados com toda essa problemática. Lembro-me que algumas pessoas também aproveitam para falar mal dos idosos, como se não tivessem, pais ou avós, dizendo a seguinte frase "pra quê velho sai, velho tem que ficar em casa". Além disso fingem que estão dormindo para não dar lugar ao idoso. O pior é que esse tipo de atitude entre outros já citados em seu artigo está piorando a cada dia e infelizmente por isso acabamos expondo as impressões generalizando, uma vez que a situação, a qual passamos no "busu" muitas vezes nos contamina.

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  2. Muito verdade, muito bem colocado! Concordo plenamente!!

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  3. As pessoas que votam, desde longas datas, em seus políticos favoritos julgam que o vizinho é quem escolhe mal na hora de votar. Enquanto isso, os "digníssimos senhores" perpetuam-se no poder e tantas cidades no nosso país continuam de mal a pior...

    Mais complicado pra mim é ter que tentar relevar a postura daqueles que desvalorizam o próprio voto (anulando-o, vendendo-o etc)!

    Sabe aquela brincadeira chamada "TROCA"?
    Seria mais ou menos por ai:
    Tá ruim? Troca!
    Não tá legal? Troca!
    Seu prefeito não faz nada? Troca!
    Seu governador é um incompetente? Troca!

    E viva a alternância do poder!!!

    TH

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  4. Sim, isso tudo é um erro, mas me sinto frágil convivendo e sendo conivente com algumas situações. Até que ponto teremos que aguentar esse tetro da vida real?

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  5. Obrigado, Nanda. Vc foi muito feliz, este é realmente um teatro da vida real, entretanto, esta é apenas uma de suas diversas faces.

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