sábado, 31 de dezembro de 2011

Feliz ano velho!

Esta é a época dos festejos de final de ano. Ritos de passagem.
Para quem conseguiu sobreviver, ainda que a duras penas, o ingresso no ano seguinte é uma certeza de renovação.
Ano novo, vida nova. É o que diz a célebre frase. Mas, o que de fato se renova com a passagem de ano?
Dias antes, há a comemoração do Natal.
Alguns dizem que esta festa perdeu o seu real sentido. Outros mostram-se indiferentes.
Existem inúmeras possibilidades para a constituição do Natal como um importante festejo. Logo, não está errado o religioso que centraliza a sua atenção nesta data, fazendo dela um marco importante para os seus ritos.
Também não estão errados, o cético e(ou) o indiferente. Pois o primeiro está embasado em fatos que o levam a desacreditar da data. O segundo sequer liga para o que ocorre. Então, pouco lhe importa.
No fim das contas, assim como tudo a que estimamos, a valoração é individual.
Na relatividade das coisas, argumentos serão refutados ou aceitos, acontecidos serão pertinentes ou não, pessoas terão importância ou serão irrelevantes, de acordo com os nossos conceitos. E assim, cada um irá pautar a sua vida de acordo com o que acha correto.
Mais importante que isso: O Natal e o Réveillon são dois grandes marcos em nosso calendário.
Duas pausas de extrema importância .
O tempo, nada mais é, que uma maneira de sistematizar a vida; torná-la controlável. Fazer dela um grande compartimento, onde temos subdivisões. Segundos, minutos, horas, dias, meses, anos. E vamos preenchendo estes compartimentos com nossas obrigações naturais(nascer, crescer, reproduzir e morrer) e suas derivações, apesar de sabermos que a vida, não raramente, se esquece das etapas de nosso ciclo, e o encerra de maneira prematura e cruel.
O homem, por outro lado, ignora este fato, e prefere imergir em sua rotina. Uma vida sistemática é uma garantia de mansidão e cansaço. Estes são vitais para que nos livremos do fardo, que são as lacunas de nossa existência.
E qual vida não é minimamente sistemática, em meio a ditadura cronológica?
Como dito antes, os festejos citados são importantes pausas, pois marcam o encerramento de um ciclo(ano).
A primeira das datas, assim como qualquer feriado, é um momento destinado ao descanso e ao contentamento. Entretanto, mais do que isso, esta é uma data reservada a gratificação do bom e é também a época do perdão. (Hipoteticamente)
Neste momento, as pessoas devem se livrar de suas culpas e maus sentimentos.
Também devem refletir o ano que se extingue. Visando evitar que os seus erros se repitam no ano vindouro. É evidente que todo este ritual é muito mais teatral que real, e pouco do que é feito nele é levado a cabo. Porém, a importância dele é evidente, quando percebemos que se trata de um esforço geral para que acreditemos em nossa bondade, ainda que ela esteja distante da realidade.
E uma semana depois, quando estamos purgados pela ação do Natal, o ano se encerra, o ciclo se “acaba” e um novo ‘‘começa”.
Ainda que saibamos que a vida permanece igual, este é um momento reservado a uma “recarga de esperança”.
É onde devemos acreditar na sorte, e tentar atraí-la. É onde devemos nos alegrar, é onde devemos fazer promessas falsas e exprimir desejos vazios.
É lá, que fingiremos crer que o brilho presente nos fogos de artifício será o mesmo que iluminará as nossas vidas.
E desta forma, adentramos no ano novo. Que em verdade não difere do antigo, exceto por estarmos um pouco mais velhos. Mas ainda assim, esta é uma fantasia necessária, um marco fundamental. Uma das mentiras cativas que estamos acostumados a repetir a exaustão, tornando-as nossas próprias verdades. E deste modo, tentamos tornar a vida algo menos confuso, vazio e desagradável.

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Internet - A tríade - Parte 3

Rumo agora para a terceira parte deste comentário que tem como tema principal a internet.
O subtema abordado desta vez, são as “redes sociais”.
Pois bem, estes meios virtuais de integração humana tem enorme importância no mundo atual. Há uma constante troca entre o virtual e o real, e não raro, o virtual incide e(ou) molda o real, bem como, o real também incide e molda o virtual.
A importância é tamanha, que cartas e até mesmo telefonemas(em tempos atuais), são preteridos pela utilização rápida e pouco onerosa de e-mails e mensagens instantâneas.
Há também, a clara mostra da agilidade que permeia o comportamento humano atual. Além, da também evidente lacuna existente em nossos laços afetivos.
O usuário de uma rede social quer se expor. Quer se comunicar, é claro. Mas, quer se expor.
Quer mostrar ao mundo quem ele é. O que faz, quais são os seus anseios, seus temores. Mais do que isso; tem uma esperança implícita de que irá encontrar alguém que goste do que ele é. Que realize seus anseios, que abrande os seus temores.
Quer expor seus enigmas, e, porque não, ser decifrado.
Seria uma espécie de mostragem de seus aspectos e experiências individuais, tal qual, a existente num diário; entretanto, este não é restrito. É coletivo, é um campo de vazão para uma de nossas necessidades mais primitivas: Encontrar semelhantes, pessoas que sejam de fato, nossos pares.
Porém, todo o espaço ali disponível nos impele a apenas fornecer informações, quase nunca a captar as alheias. O que nos deixa em uma condição de incompletude e isolamento que não difere muito da original.
É também um espaço onde todos amam, mas quase ninguém é amado. Este ” amor instantâneo” que se prepara em 3 minutos, sob algum fervor, e que desfaz-se em muito pouco tempo, é pré-existente. Ele é a base de nossas relações amorosas/sexuais.
Nas redes ele é apenas potencializado e mais facilmente viabilizado. Porém ele não é para todos, e dificilmente o “romântico frustrado” e o indivíduo pouco popular, tornar-se-ão os “pegadores insensíveis” e os indivíduos populares deste mundo paralelo, pois, assim como no mundo material, existem rótulos a nos separar.
E dificilmente eles serão transpostos, visto que toda sociedade tem o seu “sistema de castas”. E, esta sociedade virtual reproduz com grande fidelidade as divisões reais.
Sobre o ganho de importância destes grupos de comunicação, ainda tenho a dizer, que eles assumiram o papel do elo entre os indivíduos. E reputação, interação, proximidade e outros, estão cada vez mais sendo praticados, aferidos e atestados, ali. E, não me surpreenderei, se dentro em breve, formos muito mais vinculados ao “mundo paralelo”, que ao real. Em minha opinião, o salto até esta situação é bastante pequeno.
No mais, apenas quero dizer que nossas “teias sociais” virtuais se assemelham a um solo extremamente fértil, onde tudo o que plantamos, germina rapida e imensamente. Seja estupidez, ou brilhantismo.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Internet - A tríade - Parte 2

Este texto dá prosseguimento ao tema abordado na postagem anterior, porém, trata de uma outra vertente: “Os jogos em rede”.
Nesta seção, torna-se mais clara a existência daquilo que posso chamar de “mundo paralelo” virtual.
E nestes jogos, há, de fato, mundos que transcendem(e, porque não dizer, suplantam) o mundo que habitamos e também as suas regras.
Nos simuladores da vida real, você pode escolher a sua aparência física, e ao contrário da realidade, não será obrigado a manter-se num corpo que o descontenta e envergonha.
Todas as tarefas são sistemáticas. Tudo o que está presente nesta “dimensão” é absolutamente ponderável(até mesmo o futuro). Dentro das condições apropriadas, não existirão interrupções abruptas, nem quaisquer tipos de imprevistos.
A obtenção de recursos não está vinculada a atividades enfadonhas e que nos levam grandes e preciosas porções de tempo. E, ate mesmo as relações afetivas são sistemáticas, assim, reduzindo consideravelmente os riscos de insucessos.
Já nos “rpg’s”, a fantasia faz-se presente no seu maior expoente. Desde os seus cenários, que podem variar de vilarejos medievais, até cidades futurísticas, até os seus personagens, sempre imponentes e fortes, dotados de poderes espetaculares.
Mundos de batalhas colossais, onde só por meio destas, vem a morte. E ainda assim, ela não é definitiva, é, em verdade, uma mera pausa.
Os louros aos vitoriosos, novas chances aos derrotados.
No mundo virtual, as oportunidades jamais serão escassas, as derrotas jamais serão definitivas, o tempo jamais será empecilho, de forma alguma, haverá dor.
Não obstante, viver em meio as as suas maiores fantasias torna-se algo plenamente plausível, é possível ter o que se quer, de fato. Os objetivos são tangíveis, a continuidade é ilimitada.
Porém, há ai uma grande falha: O mundo virtual é absolutamente vinculado ao real, e a nossa existência no primeiro é intimamente ligada a nossa existência no segundo(Esta muito mais complexa e incerta).
Este me parece ser o grande problema existente nos “mundos” descritos anteriormente. Eles são refúgios temporários, não permanentes. São paliativos, não cura.
O que me parece ser lamentável, pois o mundo elaborado pelos humanos, me parece ser muito mais completo e justo, que a existência que nos foi destinada.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Internet - A tríade - Parte 1

Por ser um assunto com o qual tenho certa intimidade, decidi abordar o tema “internet”, e achei apropriado dividi-lo em três sub temas.
Assim sendo, teremos: A internet como ferramenta de busca, meio de comunicação e outros, os jogos em rede e as redes sociais e a sua utilização.
Bem, é sabido por todos, que a internet foi uma invenção de crucial importância na progressão histórica da humanidade. Me atrevo a dizer que este, talvez tenha sido um dos dez maiores adventos já criados, e que o mundo não seria como hoje conhecemos, caso ela não existisse.
A internet “reinventou” o mundo, o aproximou, reduziu distâncias, mas ao mesmo tempo, o tornou mais amplo, um infinito explorável. Talvez, uma espécie de novo universo.
Universo, este, de respostas imediatas. É tudo muito veloz, o que acabou por dar vazão as também imediatas demandas humanas, cada vez maiores, cada vez mais inflexíveis.
Não condeno a esta pressa, até porque, é de conhecimento geral a minha opinião a respeito de planos e adiamentos. Porém, o ímpeto da humanidade está voltado para o lado errado, já que este visa a obtenção, visa a aquisição, quase sempre do que é material, ou do que é socialmente bem conceituado, o que me parece um erro, quando me lembro das poucas certezas que podemos ter quanto à vida.
O acesso instantâneo à informação foi talvez, o maior ganho mundial com a chegada da internet. E mais que isso, a descentralização do poder da criação da notícia, permitiu que qualquer um possa tornar-se um formador de opinião.
Entretanto, isso faz com que o conhecimento torne-se dúbio, e nem sempre fiável.
Em síntese; ganhos de velocidade no atendimento em repartições, comunicação instantânea, acesso quase irrestrito informação e outros, são alguns benefícios deste invento.
Ampla humilhação pública, divulgação desenfreada de conteúdo impróprio, conhecimento irreal. Estas são algumas das desvantagens da ferramenta.
Eu, enxergo a ela como uma bela faca de dois gumes. Extremamente útil, mas que se mal administrada e mal policiada, pode cortar-nos profundamente na carne. 
Até a próxima, com a continuação do texto.

domingo, 11 de dezembro de 2011

Amsterdam - Coldplay

Uma das mais belas músicas que conheço, que ainda traz consigo uma enorme carga de relevância pessoal(Para mim).

A saudade dos tempos "Pokémon"

Dezembro de 2011. Sou 20 anos mais velho do que era quando cheguei a este lugar, porém, às vezes, sinto como se eu fosse muito mais jovem do que me impõe a idade cronológica.
Em outros momentos, sinto-me como um ancião, como alguém que carrega o peso que apenas pode ser adquirido em um século, quiçá, em mais tempo.
Recordo-me do passado, dos tempos em que eram outras as demandas, verdades e limitações, lembro-me da fantasia, da ingenuidade, das facilidades, da beleza, lembro-me dos tempos em que assistia Pokémon.
Da minha tenra infância, da vida mais fácil e mais compreensível. Ela parecia perfeita, até porquê, nela cabiam todas as minhas elucubrações, todos os meus quereres, o mundo era um lugar melhor por que ela não era apenas o mundo, de fato, ele era o mundo que eu formulava, e, lá, tudo era possível, até mesmo o impossível, e nunca seria prudente discordar disso.
Neste tempo, a escola era agradável, os amigos eram verdadeiros, as pretensões eram mínimas, e eu era eu, nada mais, e isso já era o suficiente. O mundo era completo, pois havia família, fantásticos desenhos animados os quais eu acompanhava com fervor, e de certa forma, acabava sendo parte integrante dos mesmos. O mundo era pequeno, e por isso, inteligível, controlável, e tudo era mais belo, quase tudo era fantasia, mas ainda assim, tudo era perfeitamente real.
Era o tempo do início da exibição do desenho “Pokémon” na televisão aberta brasileira, e ele foi emblemático, um dos marcos mais relevantes da minha vida. Raros eram os meus contemporâneos que não queriam ser “mestres”, que não queriam sair por ai, capturando os seus monstros de bolso, que não queriam estar num mundo maravilhoso.
Este tempo progrediu, tornou-se o tempo de outros desenhos, outros feitos, tornou-se o tempo de outros mundos.
E hoje, olho com tristeza para o passado. Olho do alto de uma existência cansada, de quereres imediatos, da incerteza do amanhã, de distâncias ampliadas, de identidades dilaceradas, de sonhos devastados, de vidas destruídas, de tristeza, de inconstância, de uma loucura iminente, talvez inevitável, como é tudo aquilo que nos é mais nocivo.
Hoje, gostaria de poder fazer do passado um local tangível, irrestrito, o qual pudesse visitar quando quisesse e lá permanecesse o quanto desejasse.
Hoje sinto saudade dos “tempos Pokémon”, porque estes eram muito melhores que os de hoje. E enquanto a vida de outrora era completa, a de hoje parece um arremedo, parece ter desmoronado ao longo do tempo, sem que eu pudesse fazer algo, sem que eu pudesse voltar ao início.
Talvez este seja somente o inconformismo de homem mal resolvido, de um cidadão frustrado que decidiu cuspir fel sobre algumas verdades, sobre a bela vida, sobre o maravilhoso mudo que possuímos Mas, me parece apenas, que aqui estou expondo alguns fatos, impressões particulares. Estou exibindo a saudade de um tempo que se foi contra a minha vontade, estou retratando a situação de alguém que perdeu-se junto com o tempo que se passou e parece apenas encontrar alento em meio ao seu saudosismo e a sua melancolia. Estou relembrando a beleza de um mundo distante, um fabuloso mundo... Que se foi.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Lover, you should've come over - Jeff Buckley

Ao som dos bandolins

O tempo passa e a vida nos leva. Nos remete aos instintos e em tempos tão vorazes, as palavras mantém significados na falta de sentidos. O imediatismo inerente a atualidade nos leva a viver sem pensar, a falar, sem saber o que de fato é dito. Cada vez mais, creio que o ser humano não sabe lidar com a vida. Torna essencial o que é material e cumulativo, assim, desdenhando da incerteza do amanhã, enquanto, tudo o que é estritamente primordial é tratado como secundário . Desta forma, destina-se absoluta atenção a edificação de “impérios” os quais jamais usufruiremos em sua totalidade.
Este comportamento não é diferente quando falamos sobre: “este veneno que você chama amor”. De profundo, fez-se razo e distante, muito distante de nós.
No amor romântico atual, pouco resta de nobreza e veracidade. Seus caminhos e itinerário foram distorcidos e, destes resta apenas uma imagem longínqua.
Me parece evidente que algumas nas nossas atitudes atribuídas à afetividade são meramente manifestações de instintos primitivos, porém, nos é custoso dar conta disso, já que a admissão deste fato seria o inicio da assemelhação da raça humana aos animais irracionais, seria(ainda que parcialmente) o decréscimo de nossa condição hierárquica em relação a outras classes de seres vivos.
Parece-me também, que o amor romântico tornou-se um apego a rótulos, e não aos seus possuidores. Em meio a demandas urgentes, a maioria já não se dispõe a investigar o subjetivo(inerente ao amor real).
Estes, buscam majoritariamente o que é objetivo e tangível, e de fato, preencherá os seus anseios.
Logo, ama-se a quem é fisicamente atraente, a quem é financeiramente bem provido, a quem mente bem...
Sim, neste jogo de bravatas, os melhores mentirosos são amplamente gratificados.
Creio ainda, que muitos sustentam implicitamente o desejo de serem verdadeiramente amados, entretanto, este é um objetivo inviável no mundo atual, todo ele regido pelas regras que definimos.
Parece restar-nos, somente nos deixar levar por este amor leviano, onde mente conscientemente quem fala e, aceita de forma complacente, quem ouve, pois, na falta de algo melhor, sobra-nos uma embalagem vazia, onde não há sentimento, e palavras levianas, mentiras confortáveis tornam-se o que mais próximo chegamos da verdade almejada.
E, para os renegados, fica o recado: andar a margem da maioria, em sentido inverso, não é demeritoso, pois, em uma sociedade que dança uma canção torta, executada por bandolins desafinados, os presentes no salão julgam-se amados, sem de fato sê-lo.

Love, hate, love - Alice in Chains

Conto de fadas moderno

Após um longo distanciamento, decidi regressar a este espaço fazendo uma explanação sobre o que pode ser chamado de: “Conto de fadas moderno”.
Para ser mais específico, irei falar sobre aqueles a quem chamo de “neo príncipes encantados”.
Por mais incrível que possa parecer, as estórias podem servir como agentes educativos aos humanos que se encontram na mais tenra idade. Muitos dos seus futuros alvos lhes são mostrados ali de maneira aparentemente sutil e ingênua.
Para as garotas, as princesas eram/são “perfeitos” modelos. Belas, simpáticas, exemplos de caráter e conduta.
Para os homens, resta ser como os príncipes. Destemidos, belos, igualmente polidos e sempre dispostos a resgatar a donzela em apuros.
Os contos ainda mostram uma noção clara e nociva de um amor romântico indestrutível e incondicional, apenas atingível nas fábulas.
O tempo passa, o cenário medieval cede espaço as selvas de pedra e o príncipe encantado retorna a forma de sapo, porém ainda coroado.
Tal qual cristal quebrado, seu conceito fragmenta-se e o príncipe encantado (Macho alfa) transforma-se em três seres distintos.
Um deles pode ser encontrado nas chamadas “baladas”, ele traz do original a beleza, as vezes a riqueza, porém quase nunca a polidez. Quase sempre é uma criatura obtusa. Entretanto, ciente de que seu físico o basta, vive o agora, aproveitando ao máximo o que lhe deu a natureza, ou o que construíram os anabolizantes e (ou) as cirurgias estéticas. Este exemplar costuma unir-se às “princesas” em laços fugazes mas prazerosos, visto que ambos sabem que é tudo o que podem oferecer. (E em nenhum momento lhes desaprovo)
Há o príncipe que “herda” do seu modelo principal a riqueza. Este foi agraciado com a possibilidade da compra do amor alheio e esta é uma estratégia bastante eficaz, visto que eles substituem o que supostamente moveria o mundo(amor) por aquilo que move o mundo de fato(dinheiro). Este, talvez seja o príncipe ideal: esteio financeiro, possível beleza adjacente, possível gentileza(Ainda que condicional).
E o terceiro é o meu exemplo favorito. Ele é o “Vida Loka”. Isso mesmo, esta espécie desprezível de conduta condenável está repleta de “príncipes”.
Eles tem status, impõem respeito em suas comunidades e tem riqueza, ainda que relativa e obtida de maneira reprovável. Tem a beleza que se não está presente em seus corpos, está presente em suas roupas e penteados(vistos por avaliadores degenerados). E eles até mesmo substituíram os tradicionais cavalos brancos por suas potentes motocicletas e (ou) por cavalos mal criados e mal cuidados que usam para a viabilizar objetivos escusos(Mas que quase nunca são brancos).
Estes são os três exemplos mais notáveis do “neo príncipe encantado”, todos eles sapos coroados, sobre vitórias –régias as quais, eles, em conjunto com as potenciais princesas, tornaram os seus vistosos castelos.
E resta uma observação: as três figuras destacadas estão sempre em evidência em seus meios sociais, são de fato os “machos-alfa” do mundo animal.
Então, meu caro leitor, se você não está presente em alguma destas categorias, lamento, mas você sempre será “sapo”, enfeitiçado e sem jamais encontrar alguém para quebrar-lhe o encanto com um beijo.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

O idílio do cactus empedernido

"O ambiente... Dardejava hostilidade e aspereza;
Pespegando... A morte e a mais pura morbidez;
Transformando, aos poucos, toda candura em agrura.
Com tantas diabruras adsorvidas...
Os echinos de minha derme foram moldados 
Para me defender... E áspero tornei-me...
Para sobreviver...
Mas foi no exaurir das forças no fenecer da esperança
Que me apareceste - como um nascer de uma criança
Como epifania inerte de um dia que alvorece
Das ruínas de gelo de um universo que se derrete. 
Brotou-se das cinzas 
Do cactus empedernido
O mais esplêndido lótus florido..."

Este poema (de autoria de Carneiro de Lima), está presente no livro homônimo.

sábado, 29 de outubro de 2011

Ouvi dizer - Ornatos Violeta

Esqueçam o "sotaque" do vocalista e apreciem uma das melhores letras escritas em português em todos os tempos.


Acho que estou me acostumando a pagar esta conta com raiva...

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Reflexão cotidiana - 1

Após recorrentes experiências recentes em algumas viagens de ônibus na cidade de Salvador, pude criar e(ou) solidificar algumas impressões e após muito refletir, decidi expô-las na blog.

Primeira impressão – Aguardar um ônibus nesta cidade pode ser uma experiência ímpar. Os veículos demoram a chegar, os locais onde os esperamos estão costumazmente cheios e nas estações de transbordo, podemos presenciar um fenômeno digno de observação: Nestes locais, os humanos tornam-se muito mais animais que racionais. Desrespeitam a fila e seus integrantes, promovem algazarras, implementando a total balbúrdia.

Segunda impressão – Quando a perseverança vence à lógica, e consigo ingressar num veículo de transporte coletivo, enfrento outros adversários.
A espera para conseguir uma condução leva ao acúmulo de passageiros, que superlotam a unidade de transporte e nos levam a disputar o mais ínfimo dos espaços, a fim de que possamos nos manter em pé e(ou) respirar(simultâneamente).
Como se não bastassem as péssimas condições de viagem, também somos obrigados a enfrentar indivíduos que não contam com um mínimo de educação e poluem o espaço sonoro com músicas de péssima qualidade.
Não obstante, os engarrafamentos prolongam a viagem, fazendo com que deslocar-se de um ponto a outro da cidade, torne-se num insuportável teste a 4 dos nossos sentidos. À audição (pois, além da regular utilização de aparelhos sonoros no interior do ônibus, ainda somos obrigados a suportar as ruidozas buzinas, que manifestam-se frequentemente nos mais que comuns, engarrafamentos), à visão(Já que a vista da cidade tem sido cada vez mais desagradável e aterrorizante), ao olfato(Pela presença invariável de odores terríveis tanto no interior do veículo, quanto no seu exterior), ao tato(Pois, num veículo apinhado de pessoas, é mais que comum a existência de contatos físicos extremamente indiscretos e desagradáveis) e claro, o teste adicional: O imposto à nossa paciência.

Terceira impressão – Ao finalmente conseguir desembarcar desta tosca simulação da “barca de Caronte”, me deparo com locais sujos, mal cuidados e inseguros. Comparo estes com a cidade soteropolitana exposta nas propagandas feitas para recrutar turistas. Então, creio estar vivendo em uma dimensão paralela, onde Salvador está às avessas. Mas, não, esta é a Salvador real e estas são as suas facetas. Reflexos dos políticos dela encarregados, e de nós, a população que opta por mantê-los no poder, visto que nem toda a alienação que toma conta da maioria é capaz de nos levar a erros tão colossais.
No fim das contas, esta “cidade-purgatório” é de nossa posse e autoria. E se em “Admirável gado novo”, “O povo foge da ignorância, apesar de viver tão perto dela”, na nada admirável cidade de Salvador, o povo apenas TENTA fugir da incompetência e da desonestidade, mas, acaba sendo o berço de ambas.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Moralismos à parte

Numa conversa informal com um amigo, fui inquirido a respeito da minha visão sobre alguns subtópicos de um tema: O moralismo e suas aplicações.
Resultaram deste diálogo algumas novas impressões e outros conceitos pessoais tornaram-se ainda mais sólidos.
Achei, então, bastante interessante abordar o tema também neste espaço e é isto o que faço a partir de agora.
Uma das primeiras situações que me chamaram a atenção, foi a proposital assemelhação entre imoralidade e ineficácia.
Proposital sim, pois, a argumentação de que a corrupção é inefetiva é uma bravata sem tamanho. No Brasil surgem diariamente novos e ilustres exemplos que evidenciam que a maldade não é tão estéril quanto gostariamos.
Mas, será que de fato, gostariamos que assim fosse? Até mesmo o argumento citado anteriormente é quase sempre um meio de ocultar as reais ações e intenções de quem o usa e não obstante, desviar seus semelhantes do caminho mais fácil para atiingir-se um meio.
Com isto, não quero defender uma absoluta depravação moral. Prezo pelos “bons costumes” e creio que o “caminho mais curto” é sempre passível de punições, assim, como o “caminho tortuoso” nem sempre finda.
Este não é o início de uma cruzada pela total degeneração moral. É só uma tentativa de ir de encontro à leviandade.
Creio que sem um mínimo conjunto de normas a nos reger, sequer existiriamos hoje.
Mas, residir num país como o Brasil e atestar a ineficácia de costumes inapropriados é coisa que não faço.
Vivo em uma nação em que políticos constroem seus “feudos” e tornam o voto de cabresto uma prática comum e inteiramente atual.
Cidadãos honestos são reféns em suas moradias, enquanto meliantes circulam livremente em todas as esferas da sociedade, quase sempre, vistos como modelos de sucesso.
E de fato o são. Numa existência finita, incerta e repleta de demandas desumanas e imediatas, queima-se etapas para a obtenção de intuitos e pouco importam os meios se os fins são atingidos.
Nesta desvairada escalada animalesca, atinge primeiro o topo da montanha, aquele que possui as maiores garras. Como bônus pelo seu triunfo, o vencedor recebe a possibilidade de ocultar toda a sujeira que deixou pelo caminho.
Gostaria muito que todos assumissem seus reais atos. Que fossem condenáveis não apenas as ações, mas também, as mentiras usadas para maqueá-las. Ai, então, saciaria a minha curiosidade em saber quantos ainda utilizariam-se de expedientes dúbios em suas empreitadas.
Creio que poucos, pois para mim, torna-se claro que não mais nos importa o que fazemos e sim o que nossos semelhantes sabem sobre nossas ações.
Será que algo de nossa sociedade sobraria, caso contássemos mais verdades?
Para finalizar, exponho mais uma impressão pessoal: O moralismo é quase sempre refúgio do recalque. É onde abrigam-se alguns que invejam indivíduos de relativo sucesso, mas que agiriam de maneira igual aos alvos de suas críticas, caso tivessem a oportunidade.
Como humano, erro e muito. Mas, as causas que defendo pouco dependem de interesses pessoais. Não sou um exemplo de retidão, mas, não mascaro os meus erros com uma camada de falsa correção.
Não há ser plenamente moral. Eu pelo menos, não conheço um, sequer. Mas, tenho o devaneio de ver um mundo menos leviano, que segregaria a falibilidade humana do mau caratismo de canalhas que jamais tiveram a coragem de exibir a real face de suas falhas.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

O outro lado da moeda

Com base em algumas observações e no conhecimento proveniente das mesmas, decidi me permitir tornar públicas algumas das conjecturas construídas durante este tempo.
Começo relatando a minha visão sobre uma freqüente alegação feminina, a de que estão sendo “usadas” por alguns indivíduos. Isso as põe numa cômoda condição na qual se assemelham a seres plenamente puros e corretos. Diria que até mesmo “imaculados”.
Enquanto isso, os homens ante a visão das mesmas, são seres altamente repulsivos, sempre norteados por premissas equivocadas. Nossos intuitos são sempre torpes. Os delas, por outro lado...
Mas, vamos enxergar o lado oposto.  Uma situação que ocorre com considerável freqüência. A mulher que mantém o homem em seu convívio meramente para a utilização de seus atributos.  Não lhe dá qualquer margem para um aprofundamento emotivo. Mas, ainda assim , o mantém no seu convívio, utilizando-se da sua presença para alcançar fins que lhe sejam convenientes. Mas, só para si.
Um plano maquiavélico mascarado por uma bela embalagem: “Uma pura amizade”.
Qualquer tentativa de maior aproximação é imediatamente repelida com a afirmativa: “Só te vejo como um amigo”. Sim, claro. É óbvio que os INIMIGOS são os melhores partidos...
Elas não somente nos utilizam como OBJETOS que permitem a obtenção de intuitos mesquinhos. Elas também nos levam a suprimir os nossos reais desejos, pois a manifestação dos mesmos é rebatida com reprimendas morais. Desejá-las nos torna  “monstros” insensíveis que não valorizam devidamente a “real amizade” (Que apenas a elas é favorável).
Em suma, elas constroem uma relação mesquinha, na qual todo o lucro é delas e nenhuma satisfação há aos homens. E ainda um fato a ser adicionado ao meu comentário: Qualquer tentativa de escapar desta cilada é vista como falta de maturidade. Enfim, a perfeita armadilha.
Então, deixo em aberto a pergunta: Quem de fato tem manipulado quem com maior freqüência ao longo das eras?
Devo acrescentar um adendo à minha narrativa. Uma visão pessoal sobre outro argumento feminino. “Falta homem!” elas dizem. De fato, em termos numéricos há uma prevalência das mulheres sobre os homens.
Entretanto, as próprias mulheres tornam ainda mais reduzido o número de ” homens”, já que as mesmas (Em sua maioria) modificaram o conceito de “homem”.
Este conceito poderia ser definido basicamente como: “Homo sapiens” do sexo masculino. Mas, elas querem mais. Para que estes indivíduos sejam considerados HOMENS, eles tem a obrigação de possuir razoável poder aquisitivo, ou aparência agradável, ou ainda ser de algum modo impressionantes (Quase sempre por motivos estúpidos).
Logo então, ante aos olhos femininos e aos seus rígidos e mesquinhos padrões seletivos, muitos homens deixam de sê-lo e tornam-se outras COISAS. Tornam-se REPULSIVOS e manipuláveis, tornam-se FORMAS INFERIORES DE VIDA. Tornam-se seus “AMIGOS”.

Throwing Muses - Two Step

Outra música fantástica que quero compartilhar. Chama-se: Two Step



Just two steps...

terça-feira, 11 de outubro de 2011

A tal malandragem

Acho importante frisar que este texto estará repleto de convicções pessoais. Logo então, não estou “afrontando” ninguém com dogmas, ou tentando ferir verdades e (ou) impressões dos leitores. Dito isto, explanarei.

  Parece-me de extrema dificuldade, a condição humana. Senão vejamos. Somos os seres com o maior poder de raciocínio em todo o planeta (Pelo menos é o que se supõe) Terra. Entretanto, somos também penalizados com o escasso conhecimento possuído sobre o mesmo.
  Nossa racionalidade nos permite definir parâmetros e estabelecer regras. Porém, em muitos momentos, segregação e injustiça vêm no encalço de nossas normas.
  A consciência de nosso estado nos permite conhecer com exatidão a dimensão de nossa fragilidade e a nossa impotência no que tange a obtenção de respostas nessa área.
  Enfim, parece-me que tudo o que é inerente a “ser humano” apresenta-se como uma faca de “dois gumes”, extremamente afiada em ambos os lados, sempre cortando em nossa própria carne.
  Como é confusa a existência desta gente que “dirige seu carro, toma seu pileque e ainda tem tempo para cantar” (Ref. Mus. Malandragem). Esta gente que comporta-se de acordo com padrões, segue normas(sejam elas gerais ou individuais) e tenta encontrar tempo para viver(nas horas vagas).
  Esta gente que precisa parecer bela, precisa parecer importante, precisa possuir algo para ostentar e necessita impreterívelmente manter-se viva.
  Esta gente que prefere esquecer a nossa fraqueza e que além de lidar com as próprias responsabilidades, luta contra oponentes visíveis e invisíveis. Tangíveis ou não.
  Que encontra em cada alimento um potencial perigo, seja ele instantâneo ou futuro, como é o ladrão que espreita, nos açoitando quando estamos exaustos.
  Nem mesmo o ar que respiramos nos priva de riscos, visto que o mesmo nos oxida lentamente. E ultimamente ele nos tem trazido toda a sorte de impurezas, frutos de nossa desenfreada ganância (contraste da existência da qual não se leva nada quando abandonada).
  Em meio a tantos afazeres, riscos e incertezas, resta-nos pedir a quem quer que seja, “um pouco de malandragem” (Ref. Mus. Malandragem) para que nós possamos conhecer as verdades, ou desprezá-las por completo.
  Para que possamos “domar” o tempo, que deveria “estar do seu lado, sem nos derrubar”, (Ref. Mus. Amsterdam) sem nos destruir...
  Para que não nos deixemos levar pelos “temores que nascem do cansaço e da solidão”(Ref. Mus. Há Tempos) e que me tornam tão receoso.
  Esta “malandragem” que pode ser: equilíbrio, sensatez, prudência, sabedoria ou tudo isto junto...
  E que nos permitirá escolher entre “enlouquecer, ou ir com calma” (Ref. Mus. Shame on the Moon), ainda que ambas as opções nos levem ao mesmo desfecho.
  Eu rogo a esta “malandragem” que não nos deixe aqui prostrados, “esperando o ônibus da escola sozinhos”, ou “rezando baixo pelos cantos por sermos meninos maus”, e nem mesmo a crer que “a vida é não sonhar” (Ref. Mus. Malandragem).
  Por fim, imploro a esta “malandragem”, que na ausência da imortalidade, não nos permita abandonar esta existência como poetas que jamais puderam aprender o que é o amor. 

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Carta do ausente

Este é um poema de Vinicius de Moraes e chama-se: Carta do ausente. É o mais belo poema que conheço e achei por bem compartilhá-lo com todos.


"Meus amigos, se durante meu recesso virem por acaso passar a minha amada peçam silêncio geral.
          Depois apontem para o infinito.
          Ela deve ir como uma sonâmbula, envolta numa aura de tristeza, pois seus olhos só verão a minha ausência.
          Ela deve estar cega de tudo o que seja o meu amor (esse indizível amor que vive trancado em mim num cárcere mirando empós seu rastro).
          Se for a tarde, comprem e desfolhem rosas à sua melancólica passagem, e se puderem entoem cantus-primus.
          Que cesse totalmente o tráfego e silencie as buzinas de modo que se ouça longamente o ruído de seus passos.
          Ah, meus amigos, ponham as mãos em prece e roguem, não importa a que ser ou divindade por que bem haja a minha grande amada durante o meu recesso, pois sua vida é minha vida, sua morte a minha morte.
          Sendo possível soltem pombas brancas em quantidade suficiente para que se faça em torno a suave penumbra que lhe apraz.
          Se houver por perto um hi-fi, coloquem o "Noturno em sí bemol" de Chopin.
          E se porventura ela se puser a chorar, oh recolham-lhe as lágrimas em pequenos frascos de opalina a me serem mandados regularmente pela mala diplomática.
          Meus amigos, meus irmãos (e todos os que amam a minha poesia), se por acaso virem passar a minha amada salmodiem versos meus.
          Ela estará sobre uma nuvem envolta numa aura de tristeza o coração em luz transverberado.
          Ela é aquela que eu não pensava mais possível, nascida do meu desespero de não encontrá-la.
          Ela é aquela por quem caminham as minhas pernas e para quem foram feitos os meus braços, ela é aquela que eu amo no meu tempo e que amarei na minha eternidade - a amada una e impretérita.
          Por isso procedam com discrição mas eficiência: que ela não sinta o seu caminho, e que este, ademais ofereça a maior segurança.
          Seria sem dúvida de grande acerto não se locomovesse ela de todo, de maneira a evitar os perigos inerentes às leis da gravidade e do momentum dos corpos, e principalmente aquele devidos à falibilidade dos reflexos humanos.
          Sim, seria extremamente preferível se mantivesse ela reclusa em andar térreo e intramuros num ambiente azul de paz e música.
          Oh, que ela evite sobretudo dirigir à noite e estar sujeita aos imprevistos da loucura dos tempos.
          Que ela se proteja, a minha amada contra os males terríveis desta ausência com música e equanil.
          Que ela pense, agora e sempre em mim, que longe dela ando vagando pelos jardins noturnos da paixão e da melancolia.
          Que ela se defenda, a minha amiga,  contra tudo que anda, voa, corre e nada; e que se lembre que devemos nos encontrar, e para tanto é preciso que estejamos íntegros, e acontece que os perigos são máximos, e o amor de repente de tão grande tornou tudo frágil, extremamente, extremamente frágil."
                                                                                                               Vinicíus de Moraes
 

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Pop in Rio

Um dos acontecimentos mais relevantes dos últimos dias foi a realização do festival musical “Rock in Rio” aqui no Brasil. Como o filho pródigo ele retornou às suas origens, maduro e mudado.  Após 10 anos perambulando pela Europa ele parece ter adquirido alguns novos costumes e potencializado outros. Apesar de seu nome, ele nunca foi exclusivamente um festival de rock. Outros estilos já foram abrangidos pela sua benevolência e pela visão de mercado de Roberto Medina que parece acreditar que “quanto mais, melhor”. Entretanto, esta mescla de estilos nunca foi tão evidente quanto é agora. Isto levou a muitas queixas e despertou a minha curiosidade quanto ao assunto. Exponho minhas reflexões a partir de agora.
A atual edição contou com nomes como: Ivete Sangalo, Claudia Leitte, Glória, Kate Perry, Rihanna, Kesha e Shakira. Todos estes no palco principal, muitos destes nomes têm um nível qualitativo altamente discutível e pouco tem a ver com o Rock. Isso foi considerado uma ofensa por muitos dos mais ferrenhos defensores do estilo. Porém, vem à tona a pergunta: O que é o rock? O rock vem se reinventando constantemente com o passar do tempo e adquiriu diferentes roupagens e rótulos intimamente ligados às épocas e contextos em que era executado. Elvis Presley já foi o maior dos ícones rock. Os Beatles também já o foram. Tivemos o movimento Punk neste meio tempo, muitas bandas de Heavy Metal, Grunge, retornamos ao rock britânico... Enfim, o rock já esteve em evidência por meio de muitas ramificações e de muitas figuras emblemáticas ao longo de sua história, muitas delas completamente distantes umas das outras em suas atitudes e características, entretanto todos estes são “rockeiros” e todos estes estilos “discrepantes” são o rock. Então, acho que é o momento de dissolvermos a ilusão de que o rock é o estilo musical “puro sangue”, membro de uma casta superior  e que não pode ser profanado sob quaisquer circunstâncias. O rock atual é muito mais pop, porque o mercado assim pede, era muito mais fácil protestar e ser rebelde há trinta anos, ou pelo menos era muito mais coerente, pois manter-se vivo sob aquelas circunstâncias era extremamente difícil. O rockeiro era uma espécie de porta voz popular, ser transgressor era justo, era contra-atacar o “sistema”. Mas agora o “sistema” afaga nossos egos e apesar de todas as dificuldades do mundo atual, manter-se vivo tornou-se relativamente mais fácil e o mundo tornou-se muito mais cômodo. Então, os protestos, as idéias se perderam em meio a comodidades e demandas mercadológicas. As bandas atuais têm que ser corretas, adequarem-se ao mercado e serem perfeitamente manobráveis. Como compensação elas não precisam ter talento. A reclamação de que não houve uma presença marcante do “rock clássico” é sim procedente, porém, os “rockeiros clássicos” estão no passado, eles estão mortos ou cansados, a maior prova disso foi a participação de Axl Rose no próprio Rock in Rio, o tempo cobra seu preço de todos. Com os astros não é diferente, eles não são deuses. O “neo-rock” então ganhou espaço e as grandes figuras do “neo-rock” não são mais engajadas em causa alguma, ou quando são, são altamente pacatas e intelectualizadas, descobriram que também se ganha lutas pela diplomacia. O grande objetivo destes poucos indivíduos é salvar o mundo, quase nada de brigas políticas ou algo que o valha, o que se quer é salvar o mundo, na falta da possibilidade de salvarmos nossas vidas (individualmente). Apesar de tudo, ainda há rock bem feito nos dias de hoje, mas pouco pode se esperar de engajamento e de extravagância e também muito pouco de qualidade. Raras são as boas bandas do estilo, criadas nos últimos 10 anos, porém, elas existem e reconhecer a qualidade das mesmas é mais válido que parar no tempo e resmungar porque nossos “heróis” não quebram guitarras no palco.
Além da escassez de grandes nomes do rock no festival, uma manobra de mercado foi determinante para a evidente ”desvalorização” do rock neste festival. Suas edições mais antigas tiveram uma maior média de público. Com isso não quero dizer que não tivéssemos um enorme número de pessoas interessadas em estarem presentes nas apresentações. Porém, no mundo altamente normatizado em que vivemos, talvez não tenhamos jamais condições de presenciar um festival onde existam 200 mil espectadores ou mais. Mas, apesar da “queda” no número de presentes na platéia é necessário manter uma margem de lucro considerável, então, majora-se o valor dos ingressos. Para evitar um fracasso estrondoso nas vendas e na captação de receita faz-se necessário apelar para artistas populares e então, tem-se um sucesso enorme no quesito comercial e controvérsias incomensuráveis fomentadas pelos interessados nas atrações. Duas situações me parecem claras. Primeiramente: O rock por si só não enche festival nos dias de hoje, algumas bandas enchem seus shows por terem públicos fiéis, mas quando se trata de festivais, a questão é mais grave e com esta pobre safra do rock, fica difícil termos um festival “genuíno”.
Segundo: Os nossos grandes ídolos se foram ou envelheceram, as bandas novas tem novas posturas e não há ser humano perfeito. Cobrar condutas que se adéqüem por completo a nossos anseios é insensato e é garantia de frustração. Acordem! Os “semi-deuses” são tão mortais como nós e não adianta refutar este fato.
Obrigado e até a próxima.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Mais um dia

Este é mais um dos meus pequenos poemas escritos há bastante tempo. Ele se chama "Mais um dia".

Mais um dia,
Mais um dia afinal
Bem como se pode,
como se deve, por mais um dia
Meus temores estão escondidos pelo tempo,
pelo tempo que não tenho.

Por mais um dia, por mais um nascer do sol
Ainda assim não vejo luz em nossos dias
Nossos gestos estão tão mecanizados,
Nossos atos cumprem a rotina,
Mas não há uma ação feita com alma,
Creio que nem mesmo os corpos as portam.

Mais um dia,
Que pesa como um fardo,
E mesmo assim é vivido em meio a sorrisos
e quem sabe talvez, quem veja o que há por
Trás dos sorrisos não possa chorar também...

Quanto valem nossas vidas?
Por quê temos nos vendido por tão pouco?
Qual será o valor de nossas almas?
Será que por elas trocaremos nossa felicidade?
Nossas almas tem mesmo a medida exata de um sorriso verdadeiro?

Até quando vamos abdicar desejos
para sofrer menos, para anestesiar
amenizar apenas já que a dor já está conosco.

Minhas frases no silêncio se encerram,
minhas perguntas, minhas certezas, nossa esperança
Mais um dia, mais uma vida passa
Mais um deveneio que a chuva irá levar
Mais um desejo que irá desapárecer


E será sublime, será efêmero, será
O que teremos, se um dia acontecer
E o vento irá levar...
O que o silêncio quis dizer
O vento levará.

sábado, 1 de outubro de 2011

Those thieving birds

Em função da atual escassez de tempo, a minha disponibilidade para a publicação de textos tem sido inexistente. Mas, como decidi exibir nesse blog um pouco de tudo o que me é caro, decidi postar um vídeo de uma das minhas músicas favoritas. Espero que gostem.

Ah! Estes pássaros ladrões...


"...Se a verdade tivesse incursões
Sem adeus
Sem grandes mentiras
Se a verdade tivesse versões..." Isso realmente me leva a pensar...

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Torcer

Como prometido anteriormente, irei desfechar o meu comentário que a priori foi dividido em duas partes, cada uma delas contando com uma diferente temática e também com um diferente título. Enquanto “pensar” abordava uma das vertentes mais significativas das nossas vidas, que seria: o pensar, o refletir, o imaginar as situações cotidianas, ou excepcionais e conseqüentemente as maneiras que encontramos para tentar adequar a elas as nossas reações e porque não dizer, nosso comportamento como um todo. “Pensar” também falava a respeito do “certo”, do “errado”, e de quão confusas, equivocadas e até mesmo mesquinhas podem ser estas conceituações.  “Torcer” é uma espécie de evolução de “pensar”, não apenas nos textos presentes neste espaço, mas na vida. É uma evolução porque em muitos momentos as expectativas, as demandas ilógicas, derivam de respostas incompletas, de enormes lacunas explicativas na condição humana. Ou seja, pensamos, pensamos e buscamos certezas, buscamos o pleno domínio da nossa existência. Entretanto, conhecemos mais problemas que resoluções, mais mistérios que respostas.  Então, o nosso poder de deliberar cobra um altíssimo preço: a ciência de que pouco sabemos. Milhares de anos e bilhões de pessoas e ainda assim a vida é um gigantesco enigma, um quebra-cabeças cheio de espaços vagos. Creio eu, que na mente daqueles que tentam pensar suas existências, estes vazios equivalem-se a “pequenos universos”, “infinitos” nos espaços que ocupam. Então, nestes vazios infinitos, cabe todo o desespero existente, digno de quem muito tem e ainda assim sabe de muito pouco e a partir daí, nos vemos obrigados a torcer. A esperar pela vida eterna, e na impossibilidade de tal desejo, nos resta TORCER por uma vida longa e tranqüila(se possível, bem sucedida), a ansiar pelo amor pleno e ao nos defrontarmos com mais uma impossibilidade, descemos os nossos parâmetros e inventamos amores, modificamos a visão que temos daqueles que estão em nosso entorno, e então, criamos nossas torres imaginárias, nos enclausuramos nelas e TORCEMOS para que “pares encantados”, seres fantásticos, nos resgatem e nos façam felizes para sempre. No Brasil, nos vemos obrigados a TORCER por uma assistência médica minimamente digna, por um sistema de transporte coletivo satisfatório, por justiça e por tantas outras coisas completamente básicas. Não acho necessário dizer que todos os itens acima citados são de difícil obtenção (alguns deles nem mesmo podem ser obtidos) e ainda assim, todo “santo dia”, aguardamos ansiosamente pela realização destes e de outros desejos, porque são eles os espaços em nossas divagações, são estas as falhas em nossa compreensão, é isto o que não podemos ter: o domínio sobre o que somos, a aplicação de regras sobre o que realmente é essencial e como se não bastasse, não temos nem mesmo meios para chegar a este “controle”. Por isso, nos vemos obrigados a torcer, nos vemos obrigados a acreditar, nos vemos obrigados a contrariar toda a lógica existente, a fim de aplacar as mais torpes sensações provenientes da finitude. Nos vemos obrigados a prescindir da lógica e na falta de algo para preencher as nossas vidas, decidimos por ocupar as lacunas com felicidade(ou com as melhores possibilidades). Ainda que, “por vezes” ela seja irreal. Ainda que, “por vezes” ela seja impossível.

domingo, 18 de setembro de 2011

Pensar

Bem, redijo estas linhas, motivado por forte influência de fatos recentes. Não irei entrar em maiores detalhes a respeito dos mesmos, já, que acho desnecessária tal exposição. Entretanto, gostaria de partilhar algumas das minhas mais fortes impressões nos últimos dias, começando pelas noções de certo e errado. Dividirei meu comentário em dois, tendo o primeiro o nome de “Pensar” e o segundo o nome de “Torcer”. Certo e errado e seus vários sinônimos, travam uma infindável batalha desde o início dos tempos. A antagônica relação de ambos sempre foi claramente contrastante, já que dificilmente é tênue a linha que separa o apropriado do incorreto. Em tese, todas as convenções humanas parecem encontrar perfeita adequação. Entretanto, quando postas em prática, não raro, nossas perfeitas elucubrações mostram-se completamente falhas. Eu, particularmente sempre acreditei possuir claríssimas noções do correto e do errado a se fazer ante a todas as situações, porém, após ser confrontado por uma ou mais situações limítrofes, vejo que muitas das minhas verdades foram tornando-se migalhas diante dos meus olhos. Quando convencionamos códigos de conduta, esquecemos da individualidade humana, esquecemos das diversas maneiras possíveis para que cada indivíduo reaja e (ou) assimile situações inerentes à condição humana. Então, me pergunto, há de fato, uma maneira correta de reagir a noticia do falecimento de um ente querido? E quanto às atividades cotidianas, será que se pode estabelecer um padrão específico que seja abrangente e pleno, em relação a indivíduos educados de diferentes maneiras e em situações absolutamente peculiares? E por fim, há nexo em valorar, ou avaliar de distinta maneira, ações que por base, tem os mesmos princípios? Seria a parcialidade humana corrompendo nossos conceitos e ações nos levando a ser permissivos ou rígidos, de acordo com o nosso grau de interesse? E ainda falando do certo e do errado, fui tomado nos últimos dias, por uma inexorável necessidade de modificar meus hábitos de maneira a torná-los saudáveis e talvez, socialmente aprováveis. Mas, após um curto período de tempo, cheguei a uma conclusão óbvia que me vinha sendo omitida pelo desespero: As pessoas MORREM, independentemente de seus hábitos, vontades e do CERTO ou do ERRADO, inclusive no que diz respeito a suas condutas. A busca pela forma perfeita, pela conduta perfeita, pela alimentação correta pode ser na verdade uma caçada velada pela vida eterna e infelizmente, esta é inatingível. Talvez, se eu fosse um alquimista... Mas, enfim, a verdade mais clara e cruel das duas ultimas semanas é:  As pessoas não são eternas, a morte é certa e ainda assim imprevisível e infelizmente este é um mais altos preços a se pagar pela racionalidade, a consciência desta condição e a impossibilidade de revertê-la. Parece uma constatação tola, por ser absolutamente óbvia, mas ainda assim, não posso esconder o fato de que encarar isto nos últimos dias tem sido apanhar de um boxeador munido de luvas de “adamantium”. Por hoje é isto, abraços e até mais.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

O que move o mundo

Há uns quatro anos tive acesso a este texto e desde então, ele entrou na galeria de minhas leituras favoritas, visto que aborda uma de minhas maiores "paixões" com um lirismo impar. Achei que este blog não seria completo caso não publicasse este texto, então, ai vai ele:

Por Victor Uchôa – Braga/Portugal, em 17.11.2007 – Texto publicado na “Revista Metrópole” – Nº 6

O que move o mundo

Na fria madrugada do outono português, o vento se faz ouvir. Carrega as folhas caídas, secas. Com ritmo intenso, dá vida ao que era morto, e as folhas flutuam ensaiadas, compassadas, tocando o chão e em seguida e emitindo cortante som. É o balé das folhas. Este era o cenário em 14 de novembro de 2007. No Brasil, ainda dia 13, outro balé merecia aplausos.
No Estádio Manoel Barradas, em Salvador, o Esporte Clube Vitória dançava o balé da bola, de ritmo acelerado, agora ca-den-ci-a-do, voltaaacelerar e pára. Cumprimenta o público. A arquibancada vestida de vermelho e preto vê seu time do coração garantindo o retorno à série A do Campeonato Brasileiro. Na fria madrugada do outono português, trancado num quarto de residência universitária, maldizendo a conexão da Internet que cortava a transmissão do jogo a cada instante, roendo unhas que já não existem, com uma taça cheia de vinho barato em punho, este que escreve sentia o drama de torcer a distância. A vida gosta mesmo de pregar peças.
Eu, que desde menino vibro nas arquibancadas do Barradão, lá não estava naquele dia 13. Não estava porque me movi no mundo, e agora, vivendo em Portugal, tenho a plena certeza de que o futebol, apesar das várias formas de entretenimento apresentadas pela contemporaneidade, é o que move o mundo.
Viver como estudante em outro país é fazer parte de uma comunidade multifacetada, da qual cada integrante saiu de um lugar diferente do globo. Nessa situação, o único assunto que consegue alcançar a todos é o futebol. Isso porque, como bem diz Eduardo Galeano, esse esporte é a única religião que não têm ateus. Qualquer um pode assistir às partidas no conforto do seu lar, sentado em frente à televisão, mas uma energia inexplicável move o torcedor para o estádio, para a missa pagã em que se pode ver as divindades em carne e osso. No gol, abraça-se o desconhecido ao lado. É um carnaval a cada jogo, é onde se pode esquecer do trabalho frustrado e do amor sem tesão.
Irene é uma italiana que obriga os brasileiros a assistirem as partidas da sua seleção. Quando a Azzurra marca, vibra sozinha, lançando-se no ar como as folhas do outono, sem se preocupar com os olhares em volta. O alemão Paul é fanático pelo Werder Bremen e acha Diego(ex-Santos) um jogador fora de série. Discordamos neste ponto, mas cada um pensa o que quiser. Fato é que o Bayern Munique vem jogar em Braga, cidade onde vivo, e mesmo sendo um rival do seu clube do peito Paul vai assistir à partida. É um clube alemão, diz ele, tem que ser visto. Victor é mineiro, mas não fica quieto quando o Cruzeiro joga. Estende a bandeira azul no corredor da residência e deixa a rádio on-line no mais alto volume. Gol do Cruzeiro e quase estouram as caixas de som. Se o “Estrelado” perde, melhor não chegar perto. Convidado para assistir Benfica e Milan em Lisboa, arrematou: “O problema não é gastar 40 euros no ingresso. O problema é que isso paga o Campeonato Mineiro todo”. Para jogar bola em Portugal, Rafael comprou um tênis vermelho e azul, as cores do Clube Náutico Marcílio Dias. “Hoje eu tenho que comemorar porque o Marcílio ganhou o primeiro turno da Copa Santa Catarina, vencendo o Figueirense B no Gigantão das Avenidas”, disse ele há alguns dias. O gigantão comporta 12 mil pessoas. Recentemente, após o Liverpool aplicar a histórica goleada de 8 a 0 sobre o Besiktas, pela UEFA Champions, o turco Aytekin parecia ter perdido um ente querido. Em breve, o Besiktas virá enfrentar o Porto. Apesar de o seu time ter remotas chances de classificação e o ingresso custar um considerável punhado de euros, Aytekin vai ao estádio.
Exemplos assim são provas de que para o torcedor de futebol o que mais vale não é ganhar ou perder. O que vale é o lúdico, a criação de espaço e tempo imaginários, onde há a eterna possibilidade de vitória. E de fazer parte da conquista. Ninguém diz que torce para esse ou aquele time. Diz-se eu sou Vitória, sou rubro-negro e sou 1º divisão. Ou eu sou Cruzeiro, ou eu sou Besiktas. Nós ganhamos o jogo, e não o time. O juiz rouba a todos nós. Aborrece menos o adversário gozador do que o sem-graça que diz não entender por que tanto descontrole diante de um simples jogo. Na missa pagã, vale tudo, menos acabar com a ilusão do jogo.
Li em algum lugar que o futebol se parece muito com Deus, devido à devoção que desperta nos crentes e à desconfiança com que lhe vêem muitos intelectuais. Chamam-no de ópio dos povos. Para os crentes, penso que inebria mesmo como uma droga. E se Deus realmente criou o mundo, nada melhor do que algo parecido com Ele para mover sua criação. Além do mais, dizem que após seis dias de árduo trabalho para criar tudo que existe. Deus sentou para descansar. Era sábado. Sentou para ver futebol.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Esboço de um poema de primavera

Bem, mediante a escassez de pauta e de paciência, decidi partilhar com vocês um pequeno poema que escrevi há algum tempo, chama-se: "Esboço de um poema de primavera".


Sustentei ao máximo minha fantasia,
talvez ingenuamente tenha acreditado
que a mais forte das minhas vontades pudesse
trazê-la de volta a onde nunca esteve
a onde nunca deixou de estar.

Cresci meu sentimento em ilusão
e sozinho, não importa o que tenha acontecido,
sempre lutei para ter a ti ao meu lado
hoje a tenho dentro de mim
e nem mesmo isto me traz alento,
talvez um pouco mais de dor.

Foi como um sopro de vento em meio ao inverno
e desmoronou o meu castelo de cartas
tentei escrever o meu querer em pétalas de bem-me-quer
para tentar por meio do impossível tornar você real mais uma vez,
e com flores que continham meu sentimento adormeci em meio a chuva,
o relento me impediu de encontrá-la e enfim vi a minha frente
flores despetaladas, como o meu carinho.

Durante anos, de bom grado
segui os teus passos, vigiei os teus atos,
fiz de cada palavra sua um hino, mas apesar de viver a sua vida
nada que pudesse tentar me faria estar mais próximo de ti,
nada fez...

Em meio a primavera recordo das flores que morreram portando o que de mais belo havia em mim,
mas estranhamente o meu querer perdurou, assim como você
e hoje posso encontrá-la comigo, porém ainda assim você nunca esteve tão distante.

Foi como um sopro de vento em meio ao inverno
e desmoronou o meu castelo de cartas
tentei escrever o meu querer em pétalas de bem-me-quer
para tentar por meio do impossível tornar você real mais uma vez,
e com flores que continham meu sentimento adormeci em meio a chuva,
o relento me impediu de encontrá-la e enfim vi a minha frente
flores despetaladas, como o meu carinho, como eu estou.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Inicio - Parte 2

Bem, creio que este seja o fim do início, muito embora, aborde o começo. Em quase qualquer outro momento e(ou) local, começar pelo fim seria de uma impertinência absurda, mas, como eu me reservo o direito de tentar elaborar meus próprios padrões, aqui estou eu, começando pelo fim, terminando pelo começo. E o faço pelas contingências, como explicado na primeira postagem, o faço por instinto, pelo lado irracional que vez em quando brada com enorme força e o faço por coerência, coerência a minha necessidade de desconstruir, de adentrar no recinto, enquanto outros esperam na varanda, e de aprofundar, de  imergir e verificar as vísceras, para, quiçá, retornar de minha incursão com as repostas as minhas perguntas. E então, vamos às apresentações.
De onde veio o nome que batiza esta sandice? R- "Solidão com vista pro mar", é um trecho de uma das minhas musicas favoritas, chama-se: "Eu não sei dançar" e é interpretada pela cantora Marina Lima. A propósito, sou louco por musica e não raro, citarei algumas aqui. No primeiro texto, por exemplo, há uma tripla citação. Às músicas "Sobre o tempo", do Pato Fu, "Solidão" de Alceu Valença e "Tempo Perdido" da Legião Urbana. Bem, também sou aficionado por futebol e não serão raras as citações a este esporte. Bem, acho que é isto, talvez a melhor definição para este espaço virtual seja: "Um local onde serão armazenadas pequenas porções de coisas pelas quais tenho grande apreço". E nesta definição cabem: música, esporte, poesia, atualidades e claro, a boa e velha teorização dos fatos, para lembrar que ainda possuímos o poder de pensar a respeito das coisas e logo então, não é necessário ater-se por completo a visões anacrônicas e conceitos antiquados e fazer com que os mesmos norteiem nossas vidas, sem ao menos nos perguntar o porquê. Abraço e até breve.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

O inicio...

Bem, este blog é a materialização de uma idéia há muito, concebida. Para a minha primeira postagem, pensei em algo espetacular. A primeira impressão é de vital importância para o inicio e manutenção de um "relacionamento". Aqui não foi diferente, tentei ao máximo ser brilhante e consequentemente, impressionante. Mas, a verdade é que não fui capaz. Eram muitas idéias, todas elas relevantes, todas elas sólidas, mas todas elas fugazes. Amontoadas, se mesclaram e sumiram, se esvairam com o passar do tempo, que também se esvai desenfreadamente. Fui tomado de preocupação, tanto a dizer, nada a falar. Que fale por mim, o silêncio, que seja eloquente, que seja contundente, tanto quanto foi o esquecimento, tanto quanto é o tempo. E o que é o tempo? aquele que tem olhos maiores que a barriga? o "mano velho" de Paula Takai? primo-irmão da solidão, segundo Alceu Valença, será que temos o nosso próprio tempo? Renato, um brilhante brasileiro, apesar de conhecido como "Russo", parecia estar certo de tal afirmativa. Inumeras são as definições, estaria alguma, correta? estaria alguma equivocada? não sei, apenas penso que o tempo é o recurso da raça-humana para sistematizar a vida, para torná-la minimamente compreensível, e enquanto se marca a vida no avanço de ponteiros, parece-nos que a vida é controlável. Mas, ai, entra o imponderável, age o imprevisível e nós retornamos a estaca zero. Entra o fim, temível por ser incerto. Incerto ao ponto de nem mesmo todas as divagações humanas terem chegado a um consenso a respeito dele. Então, o fim é apenas o fim e a simplicidade deste desta frase me traz calafrios, pois se não há nada depois, do que nos vale o agora? talvez o agora justifique a si próprio, enquanto o futuro torne-se justificável(ou não), ao seu devido momento. E para tentar fazer valer o agora, mostro-lhes o que penso, na esperança de que haja algo. Se será positivo ou negativo, não sei, mas espero que haja reverberação. Bem, volto em breve, espero que com uma pauta, abraços!