quarta-feira, 15 de agosto de 2012

As coisas na estante


Possivelmente influenciado por uma imagem visualizada ontem, acordei com esta analogia(de coisas dispostas em uma estante) "latejando" em minha mente, como se ela fosse dona de vida própria e precisasse de espaço... de liberdade, para seguir seu curso. Pois bem, está livre, agora, minha pequena. Avante!

Vim falar sobre a passagem de um ano. Ele não se fechou, é verdade, mas, veio a vontade, e vontades libertas e exercidas são quase sempre melhores que vontades contidas.

O "um ano" a que me refiro, tem como principais marcos, a criação deste blog e um acontecimento de foro pessoal, que veio a determinar negativamente os meses seguintes. Antes deles, enxergava a vida, a minha vida, como um conjunto de coisas desorganizadas, entre as quais, eu costumava perambular. Hoje, quando comparo o atual contexto com o existente há um ano, vejo o antigo como se fosse uma estante, onde todos os itens estavam precisamente organizados.

Neste tempo que passou, mudaram visões, metas, relações, ações. Enfim... tudo atirado no chão, vorazmente. Tudo à minha frente, no solo... todos os artigos quebrados, inutilizados.
Este espaço sofre com isso, porque dentre as coisas que se foram, certamente, perdi aquela que me levava a escrever com a frequência necessária para mantê-lo. Talvez, num outro momento, eu consiga reencontrá-la ou substitui-la, mas por hora, apenas tenho fatos, e estes, também estão danificados e espalhados pelo chão.

Neste período, vi nitidamente, pessoas perderem os seus significados. Por algumas, lutei(ainda que de forma vã), já outras, se afastaram sem grande alarde.
Penso que enquanto tentava resgatar as coisas que o imponderável tratou de quebrar e expor, consegui, tardiamente, perceber a passagem do tempo e seus efeitos.

Vejam! levei 20 anos para ter uma completa noção do que é isso. Talvez leve mais 20 para que eu aprenda a lidar com isso, outros 20, para que eu passe a agir de forma eficaz, 20 outros, para que eu comece a notar resultados... sei, também, que não tenho tanto tempo. Sei que hoje, sou "um pouco menos" do que antes e ainda assim é incerto que um dia, eu me acostume a não contar com aquilo que está em cacos.

Por hora, talvez o que me reste, seja varrer os cacos para um canto da casa, reerguer a estante e observar a areia que cai, numa ampulheta... que caiu no último ano, que cai há 20... que cai, lembrando-me de coisas que um dia estiveram dispostas sobre uma estante.






Um comentário:

  1. Muito boa a sua análise e comparação diferenciada do contexto do blog com suas postagens. :)

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